Uma Angkor e uma lady, please
Sair à
noite.
Sair à noite
faz parte de um ser social. Num país que se visita ou se está pela primeira vez
a explorar, uma saída a horas indecentes sabe sempre bem. E aqui as horas podem
ser bastante “indecentes”. E não se fala numa questão de horário, mas da
tentação dos muitos bares que decoram as ruas de Phnom Pehn. Se é para turista
ver, pode tocar, se é para locais abra a mala, por favor, que aqui às vezes há
fogo de armas a dar vivacidade à noite.
Se for
homem, a primiera pergunta é:
- Do you want a
lady? Versão inglesa
de “Quer uma menina?”
E isto ouviu
Linda.
Entrar num
bar ou num tão adorado karaoke, para uma mulher, é estranho.
- Para aí
umas 15 ou 20 mulheres que se levantam e com as mãos em forma de oração,
agradecem a ida ao estabelecimento e te levam a uma qualquer mesa, para mais
tarde se sentarem contigo.
Linda
descreve como uma sensação de alguma homossexualidade. Tanta atenção e tanta
mulher.
- E o que se
faz nessa situação?
- Sei lá, eu
sorria, dizia olá, voltava os olhos para o chão e sentava-me o mais rapidamente
possível. E sempre alguma menina vinha ter comigo sorria apenas. Sentavam-se e
olhavam-me. Riam-se, faziam comentários e era isto.
Numa das
noites Linda foi à cidade. Não se recorda do nome do bar. Um bar dirigido só
por mulheres. Elas destinam o negócio e faziam parte da decoração do
estabecimento. Pareciam gatos, sentadas em todo o lado, no balcão, nas
cadeiras, nas mesas de bilhar, até à rua. Em dias de enchente nem consegue
descrever, é uma confusão de mãos, de homens e mulheres. Às tantas não se sabe
onde começa, nem acaba um futuro casal daquela noite. E se, por acaso há um
homem aborrecido ou velho, toca de levantar e dar aos saltos altos, antes que
ele queira ir para uma qualquer guesthouse, com massagens e happy endings.
O frenesim
de mãos, a facilidade de comprar uma cerveja e uma menina, incomodaram-na,
confessou.
- Tinha que
sair dali. Fui-me sentar num banco na rua. Os homens vinham e iam numa mesma
ânsia de satisfazer a libido. As mulheres com as pernas ao léu, a tentarem
seduzir os sequiosos machos.
- Me not love
you. You love me.
- Me not
girlfriend. You want me , me not want you.
Um engate de
primeira classe, portanto.
- Acho que
Amesterdão e as suas coffee shops fazem
as pessoas mais felizes. Pelo menos o aperitivo do café não fala e faz-nos rir.
Este também, na verdade, mas não é a mesma coisa.
*Angkor é o nome dado a uma cerveja local, com o slogan “My country my
beer – O meu país, a minha cerveja”.
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