Quando chove na capital do Reino
Phnom Penh é
uma cidade movimentada, cheia de pessoas, de um número incontável de motas,
outro tanto de tuk tuk´s, alguns carros dos bons e umas bicicletas. Ter um carro
ostenta riqueza com certeza.
Qualquer um
dos veículos mencionados desloca-se a uma velocidade sem pressa de chegar. A qualquer
hora o trânsito é constante, motas, pessoas, motas que são táxis, motas que são
tuk-tuk´s. Mas há horas em que tudo se compacta. Um verdadeiro salão de café,
onde o trânsito é o “safa-se quem poder” e quem tem tempo, dá um dedo de conversa
com o condutor ao lado. Qual cinema ao ar livre, dentro dos carros a namorar.
Quando chove
as coisas parecem acelerar, mas na verdade é a intensidade da chuva que dá
movimento. As motas parecem agora umas fugitivas, a beira das estradas enche-se
de condutores, que à pressa vestem os seus ponchos impermeáveis para seguir viagem
menos molhados. Os condutores dos tuk tuk´s apressam-se a fechar as cortinas
para que os seus clientes não se molhem.
A chuva
continua a cair forte e mais forte. Às vezes um raio de sol espreita só para
dizer olá e que vai voltar com todo o seu esplendor. Por agora dá umas tréguas
à temperatura e deixa cair a chuva.
A chuva
limpa, apazigua as pessoas. Quando chove tudo parece acalmar. O calor, a poeira
no ar e até a vida nas ruas.
- Quando passam
dias sem chover o sol sente-se bem forte na pele. Queima numa simples volta de
mota. Só desejo que chova – conta Linda depois de uns dias sem chover na
cidade.
E choveu.
Ouvir a chuva significa uma brisa fresca que sabe tão bem.
E chove na
cidade, durante uma ou duas horas. Um verdadeiro dilúvio de Noé.
- A água do
céu vai acabar – pensa Linda.
Não... acaba
há sempre mais.
Linda George
disse-me que gosta de chova.
- Adoro
chuva, de andar à chuva. Parece que me limpa a alma e me recarrega o corpo.
O que recarrega
também são as ruas da cidade, que em poucos minutos inundam. O trânsito
baralha-se ainda mais.
Há buracos
que deixam de ser ver e quando se encontram com a roda de uma mota, há um
embate que envolve um salto e uma dor no rabo.
- Surfing in the road... é isso que costumo cantar... – diz rindo-se.
Para além
dos buracos, há água a passar dos pedáis e pés mergulhados em água.
- É incrível
a sensação!
Linda George
conta que a primeira vez que se viu no meio de um trânsito inundado e louco, adorou.
- Achei um
piadão.
Há ilhas de
água que se formam nas estradas. Andar a pé é ainda mais difícil.
Linda
recorda um noite, depois de uma chuva intensa, querer ir beber uma cerveja ao
restaurante mesmo ali ao pé de casa, com seu amigo Wild Bill. Um verdadeiro
desafio digno dos Jogos sem Fronteiras.
- Andámos às
voltas e acabávamos sempre num beco sem saída. A solução foi claro, mergulhar
os pés na água barrenta e seguir sem medo até ao restaurante. À espera estavam
as meninas do estabelecimento a rirem-se, que já nos deviam estar a apreciar há
algum tempo.
Quando chove
em Phnom Pehn o sol e a chuva dão-se tréguas, as pessoas esfriam o corpo e as
ruas inudam. As motas ganham cores coloridas de ponchos protectores. Quando chove
em Phnom Pehn a vida alivia.
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