Ser humano. O nome diz tudo.
Ser...
humano.Animal racional diz tudo também.
Palavras que se dedicam a explicar
quem somos nós humanos, pessoas. Palavras que nos afastam do animal, dizem os
cientistas, dito irracional. Dois conceitos que fazem pensar. Porque somos
humanos.
“Penso logo existo”.No entanto, se temos a capacidade
extra de pensar, porque é que o animal racional pensa tão mal.
Lembro-me da minha infância passada em
frente ao televisor, todos os fins-de-semana, ao meio dia. Durante anos
acompanhei religiosamente, cientistas, repórteres, jornalistas e outros
estudiosos em aventuras à descoberta do mundo animal e selvagem. BBC Vida
Selvagem.O meu preferido era o repórter e
naturalista, Sir David Attenborough, que por detrás de folhagens e com um ar de
detective me fazia descobrir faunas e floras pelo nosso mundo.
Tudo isto pela fabulosa voz de Eduardo
Rêgo. Era ele o locutor, que me contava o que fazia e dizia o Sir Attenborough.
As imagens e... aquela voz
apaixonavam-me. Era o meu horário para descobrir e sonhar. E sonhava... Sonhava
com uma natureza inexplicável, organizada e bondosa. Idealizava um mundo onde
seres racionais e seres irracionais viviam em harmonia.
Toda a criança cresce, mas algumas
perguntas ficam. Então, já no estágio de capacidade de pensamento vai juntando
peças.
Noutra fase, as peças vão fazendo sentido e chega-se a uma conclusão.
- Tudo parece ser simples, mas porque
é que não é?
Mais tarde, comecei a ver o
telejornal. Às oito da noite entrava um pivot pela minha casa adentro e falava
em muitas desgraças. Guerra, crise, poder e bolsa de valores.
Sempre na moda estes temas. Para todas
as estações, embora no verão as pessoas parecem ficar mais calmas.Há sempre um dinheirito que pode ser
gasto em férias. Ou um empréstimo que se pode pedir ao banco.
E estes temas estão tão na moda, que
décadas mais tarde e uma viragem de século, são mais famosas que as músicas dos
anos 80.
A natureza, essa, continuava intacta.
A
pergunta persistia. Vieram outras perguntas... mais profundas.
No fundo
era o mesmo: descobrir o nosso mundo. O mundo intrigava-me cada vez mais.
Comecei à procura de um sentido.
Comecei por descobrir uma bolha onde
vivem pessoas ricas. Cheias de si, a esbanjar títulos e a acumularem estatutos
de cinco estrelas. Pessoas com muito dinheiro, carros grandes em tamanho, que de
carros pouco sei. E tinham um coisa que não se via, mas se sentia – poder.
E quem tem dinheiro quer poder e vice
versa. Descobri então, a bolha da política. Reparei que os habitantes desta
bolha também eram ricos, e que também eles possuíam títulos, e tinham...
sobrenome.
Andavam à procura de visibilidade e de
um emprego, digamos privilegiado.
Pensei ainda com alguma esperança,que
talvez houvesse uma espécie de cooperação. A esperança seria a última a morrer.
Mas... havia mais.
A Bolha do Poder é uma bolha que engole
as outras, onde todos são poderosos, porque têm muito dinheiro (que a quantia
vai aumentando de estatuto). Têm muito dinheiro, porque têm empregos privilegiados e mais uma vez, vice-versa.
O resto,são simplesmente pessoas, a quem estas bolhas traçam a vida.
É uma crise!
Crise económica quer dizer falta de
dinheiro. Quem toma conta do dinheiro é uma instituição de seu nome Banco. Há
vários tipos, com diferentes tipos de ofertas, vantagens e logótipos Que só de
nomes se tratam. O Banco guarda o dinheiro e bem...Dinheiro todos querem.
O Banco faz-nos
dependente desta substância e quando é necessário, tiram-na. A ressaca é grande
e eles chama-na de crise ou de guerra. Pode demorar e consume a sociedade.
Sociedade essa, que é constituída pelas simplesmente pessoas. Já as bolhas,
ganham volume em tempo de crise.
“Isn´t this ironic? A little too ironic”!
No nosso mundo o animal racional
mata-se e tortura-se por prazer e por poder e segue-se lei das Bolhas. Um verdadeiro labirinto, que
às tantas não tem saída.No mundo selvagem respeita-se a cadeia
alimentar e as leis da natureza. Matam para sobreviver e vigiam a sua presa até
que o ataque seja decisivo.
As questões da natureza
foram também sendo reveladas. Se as bolhas que fazem o mundo apenas agem por
interesse e não por cooperação, nem o mundo selvagem lhes escapa. Esconde
segredos e mistérios e tem espaço que podem gerar dinheiro. Assim se fecha o
círculo.
Férias dadas e mal pagas
As simplesmente pessoas, que
trabalham, precisam de férias. O ordenado é curto e não estica. Mas, férias...
E quem salva as férias - o senhor Banco, está claro.
Promete empréstimos com
juros baixos e uma série de vantagens no pagamento. E é hora de arrumar a mala,
que vamos todos de férias. No final, estamos todos em crise.
Outra coisa que me intriga é que
parece que as pessoas procuram agora locais desertos. Não querem muita gente à
volta. Parece que o ser humano já não gosta da sua espécie.
O que eu assistia na BBC Vida Selvagem
era um sentimento de pertença aos clãs, havia sentimento naqueles animais.Lembro-me de andar a seguir a vida de uma
família de elefantes. Uma novela. Um pai, uma mãe e dois filhos. Os filhos nasceram
quando começa a grande caminhada da estação. Juntos procuram alimento e
segurança.
Os pequenos Dumbos eram ainda vulneráveis aos inimigos e às
condições atmosféricas. A meio da viagem, a tragédia é inevitável. Umas das
crias morre. A mãe, ficou ao lado do corpo a chorar, a acariciá-lo com a
tromba. A velar o seu filho morto.
Recordo-me também de uma colónia de
formigas Cada uma com a sua função. Formigas respeitosas e trabalhadoras com
alta taxa de sucesso pelo seu trabalho em equipa. Esta história já era contada
nas histórias infantis.Quem não se lembra da cigarra e da
formiga?
O ser humano também chora. Mães choram
os seus filhos que morreram na grande caminhada da estação que o ser humano enfrenta há séculos - a guerra.
A guerra também está sempre na moda,
mas eu não gosto do que está na moda, tão pouco gosto de guerra. Acima de tudo,
não entendo a guerra.É estranho pensar que se matam pessoas
por uma razão frívola qualquer. A guerra começa nas bolhas e têm fim na grande
Bolha.O nosso mundo tem petróleo, tem
diamantes, tem substâncias psicadélicas que a malta gosta e nalguns locais tem
armas... uma fonte de riqueza apetecível. Uma riqueza que se pode transformar
em dinheiro.
E tudo se resume a dinheiro. O ser
humano, passou a ser "o ser dinheiro e ter dinheiro".O nosso mundo não é o mundo que me
narravam todos os fins-de-semana. Não é um mundo onde se vive livre e muito
menos um mundo onde tudo flui de forma natural.O nosso mundo esta repleto animais
perigosos... tal como o selvagem.
Os argumentos para o ataque são diferentes. A
sede não é de manter o equilíbrio ou simplesmente matar a sede, pelo contrário,
é destabilizar o ser racional e desumanizar o ser humano.Na natureza tudo tem um sentido. Para
o bem e para o mal, no mundo selvagem, cuidam uns dos outros e, parece que
existem valores que há muito deixaram de existir no ser humano. E isto, é sentido
numa espécie animal chamada irracional.
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